19 de mai. de 2007

Caos do sentidos


As mãos
as tuas mãos
contornam sinuosas
as minhas ancas
na harmonia tempestuosa
de uma melodia hesitante
insinuante
A voz
a minha voz
sussurrando
implorando
a sensação
no caos dos sentidos
e ao longe
não sei onde
não sei
mas sinto o cheiro
devasso da tua ausência

Desejo
o teu desejo...

Tocar o céu...



Queria o

impossível

tocar o céu e

chegar a ti


Vens

todas as noites

apenas

nos meus sonhos


13 de mai. de 2007

Uma colina para os lábios


Folheamos agora
dicionários
cada vez mais breves.

De noite,
os teus cabelos
emigram como espigas
de incenso.

Há gerânios pisados
entre os dedos,
dálias virgens sufocadas
na epiderme.

As palavras
só conhecem o limbo,
a rigorosa película da sede...


Albano Martis

"Bebi tuas palavras,
gotas delicadas
sentirei saudade
quando o silêncio chegar
Sacie minha sede,
sede de amar..."

8 de mai. de 2007

Quando aqui não estás...


Quando aqui não estás
O que nos rodeou põe-se a morrer
A janela que abre para o mar
Continua fechada só nos sonhos
Me ergo
Abro-a
Deixo a frescura e a força da manhã
Escorrerem pelos dedos prisioneiros
Da tristeza
Acordo
Para a cegante claridade das ondas
Um rosto desenvolve-se nítido
Além
Rasando o sal da imensa ausência
Uma voz
“Quero morrer
Com uma overdose de beleza”


Al Berto

3 de mai. de 2007

Lugar secreto

Incomum

lugar secreto

para esconder

o jeito

o gemido

sem sentido

para escalar

num segundo

um lampejo de amor

que me leve

ao infinito

segundo de ti

em mim


1 de mai. de 2007

É um silêncio sem ti...


No instante
em que
senti
o medo
numa incisão
lenta
cortando
a pele
tua voz
imprimiu
no silêncio
a contenção
das mágoas
perdeu-se
no vácuo
solitário
sem palavras