7 de nov. de 2007

Mas que silêncio.................


Cedros, abertos,

pinheiros novos.

O que há no tecto

do céu deserto,

além do grito?

Tudo que é nosso.

São os teus olhos

desmesurados,

lagos enormes,

mas concentrados

nos meus sentidos.

Tudo que é nosso

é excessivo.

E a minha boca,

de tão rasgada,

corre-te o corpo

de pólo a pólo,

desfaz-te o colo

de espádua a 'spádua.

São os teus olhos.

Depois, o grito.

Cedros, abertos,

pinheiros novos.

É o regresso.

É no silêncio

do outro extremo

desta cidade

a tua casa.

É no teu quarto

de novo o grito.

E mais nocturna

do que nunca

a envergadura

das nossas asas.

Punhal de vento,

rosa de espuma:

morre o desejo,

nasce a ternura.

Mas que silêncio na tua casa!........................


( David Mourão Ferreira )

4 comentários:

rogério sousa disse...

..............intuitiva a tua ponte................................
não estranheis esse silêncio. é de presença e não de ausência.

FERNANDINHA & POEMAS disse...

Olá Vênus, linda postagem, adorei!!!
Beijinhos,
Fernandinha

O Profeta disse...

De um lirismo poético...ainda sinto os acordes...


Arranquei as cordas à viola
Calei este altivo tambor
Emudeci meu prazenteiro canto
Sou tecelão de sentires no vale do desamor


Bom fim de semana


Mágico beijo

un dress disse...

:) que lindo!