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12 de out. de 2008
14 de set. de 2008
Seu Pensamento
A uma hora dessas
por onde estará seu pensamento
Terá os pés na terra
ou vento no cabelo?
A uma hora dessas
por onde andará seu pensamento
Dará voltas na Terra
ou no estacionamento?
Onde longe Londres Lisboa
ou na minha cama?
A uma hora dessas
por onde vagará seu pensamento
Terá os pés na areia
em pleno apartamento?
A uma hora dessas
por onde passará seu pensamento
Por dentro da minha saia
ou pelo firmamento?
Onde longe Leme Luanda
ou na minha cama?
Adriana Calcanhotto
12 de set. de 2008
9 de set. de 2008
Uma Paixão
Visita-me enquanto não envelheço
toma estas palavras cheias de medo e surpreende-me
com teu rosto de Modigliani suicidado
tenho uma varanda ampla cheia de malvas
e o marulhar das noites povoadas de peixes voadores
vem
ver-me antes que a bruma contamine os alicerces
as pedras nacaradas deste vulcão a lava do desejo
subindo à boca sulfurosa dos espelhos
vem
antes que desperte em mim o grito
de alguma terna Jeanne Hébuterne a paixão
derrama-se quando tua ausência se prende às veias
prontas a esvaziarem-se do rubro ouro
perco-te no sono das marítimas paisagens
estas feridas de barro e quartzo
os olhos escancarados para a infindável água
vem
com teu sabor de açúcar queimado em redor da noite
sonhar perto do coração que não sabe como tocar-te
Al Berto
5 de set. de 2008
O tempo, subitamente solto
pelas ruas e pelos dias
como a onda de uma tempestade
a arrastar o mundo,
mostra-me o quanto te amei
antes de te conhecer
Eram os teus olhos,
labirintos de água,
terra,
fogo,
ar,
que eu amava
quando imaginava que amava.
Era a tua
a tua voz que dizia
as palavras da vida.
Era o teu rosto,
era a tua pele.
Antes de te conhecer
existias nas árvores
e nos montes e nas nuvens
que olhava ao fim da tarde,
muito longe de mim.
Dentro de mim,
JÁ eras tu a claridade.
José Luís Peixoto
(in A Criança em Ruínas)
29 de ago. de 2008
28 de ago. de 2008
Teu nome mais secreto
Só eu sei teu nome mais secreto
Só eu penetro em tua noite escura
Cavo e extraio estrelas nuas
De tuas constelações cruas
Só meu sangue sabe tua seiva e senha
E irriga as margens cegas
De tuas elétricas ribeiras,
Sendas de tuas grutas ignotas
Não sei, não sei mais nada.
Só sei que canto de sede dos teus lábios
Não sei, não sei mais nada.
Adriana Calcanhotto/Waly Salomão
24 de ago. de 2008
21 de ago. de 2008
Amado
Como pode ser gostar de alguém
E esse tal alguém não ser seu
Fico desejando nós gastando o mar
Pôr-do-sol, postal, mais ninguém
Peço tanto a Deus
Para esquecer
Mas só de pedir me lembro
Minha linda flor
Meu jasmim será
Meus melhores beijos serão seus
Sinto que você é ligado a mim
Sempre que estou indo, volto atrás
Estou entregue a ponto de estar sempre só
Esperando um sim ou nunca mais
É tanta graça lá fora passa
O tempo sem você
Mas pode sim
Ser sim amado e tudo acontecer
Sinto absoluto o dom de existir,
Não há solidão, nem pena
Nessa doação, milagres do amor
Sinto uma extensão divina
É tanta graça lá fora passa
O tempo sem você
Mas pode sim
Ser sim amado e tudo acontecer
Quero dançar com você
Dançar com você
Quero dançar com você
Dançar com você
Vanessa Da Mata
20 de ago. de 2008
Avesso
16 de ago. de 2008
Veludo
"...Num ímpeto de seiva os arvoredos fartos,
Numa opulenta fúria as novidades todas,
Como uma universal celebração de bodas,
Amaram-se!..."
(Cesário Verde)
Desce mansamente
do meu telhado o entardecer
misterioso e belo felino
desce sem pressa
pressinto sua chegada
luz da lua refletida
em seus olhos
enigma
pantera negra
que fascina
embriaga
entrego-me as carícias
de suas garras e ao veludo
do seu corpo Junto ao meu
sussurros
sons de flautas luminosas
na noite escura...
13 de ago. de 2008
11 de ago. de 2008
Há perguntas a que só nós mesmos
podemos responder
E não existem respostas
certas ou erradas
Apenas respostas
Sabemos que assim é
quando ficamos calados
As perguntas à espera
de respostas
E nós à espera
de palavras que digam
o que não conseguimos dizer
(Luís Ene)
Por que eu sei
que nas tuas palavras
desinteressadas
fervilham chamas
de desejo
a tua boca não diz
o que eu sinto no teu silêncio
no som nervoso do teu sorriso
e quando surge um pequeno silêncio
nós dois sabemos
o que na verdade gostaríamos de dizer
desejo-te
amo-te
quero-te para sempre
tu sabes
23 de jul. de 2008
7 de jul. de 2008
"O sangue das vogais"
A palavra é uma estátua submersa,
um leopardo que estremece em escuros bosques,
uma anémona sobre uma cabeleira.
Por vezes é uma estrela
que projecta a sua sombra sobre um torso.
Ei-la sem destino no clamor da noite,
cega e nua, mas vibrante de desejo
como uma magnólia molhada.
Rápida é a boca que apenas aflora
os raios de uma outra luz.
Toco-lhe os subtis tornozelos,
os cabelos ardentes
e vejo uma água límpida
numa concha marinha.
É sempre um corpo amante e fugidio
que canta num mar musical
o sangue das vogais.
(António Ramos Rosa)
6 de jul. de 2008
5 de jul. de 2008
3 de jul. de 2008
20 de jun. de 2008
14 de jun. de 2008
Rosa de Sal
Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma.
Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascendeu da terra.
Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,
senão assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.
Pablo Neruda
7 de jun. de 2008
3 de jun. de 2008
30 de mai. de 2008
28 de mai. de 2008
27 de mai. de 2008
25 de mai. de 2008
24 de mai. de 2008
22 de mai. de 2008
21 de mai. de 2008
Andalusian Stallion, Apassionatta
18 de mai. de 2008
17 de mai. de 2008
14 de mai. de 2008
10 de mai. de 2008
1 de mai. de 2008
28 de abr. de 2008
20 de abr. de 2008
NA ORLA DO MAR
16 de abr. de 2008
14 de abr. de 2008
Entre os teus lábios
é que a loucura acode,
desce à garganta,
invade a água.
No teu peito
é que o pólen do fogo
se junta à nascente,
alastra na sombra.
Nos teus flancos
é que a fonte começa
a ser rio de abelhas,
rumor de tigre.
Da cintura aos joelhos
é que a areia queima,
o sol é secreto,
cego o silêncio.
Deita-te comigo.
Ilumina meus vidros.
Entre lábios e lábios
toda a música é minha.
Eugênio de Andrade...
Eternamente para ti....sabes...
6 de abr. de 2008
Tu sais, je vai t'aimer
Tu sais, je vai t'aimer
Même sans ta présence, je vais t'aimer
Même sans espérance, je vais t'aimer
Tous les jours de ma vie
Dans mes poèmes, je t'écrirai:
"C'est toi que j'aime, c'est toi que j'aimerai
Tous les jours de ma vie"
Tu sais, je vais pleurer
Quand tu t'éloigneras, je vais pleurer
Mais tu me reviendras et j'oublierai
La douleur de mes nuits
Tu sais, je souffrirai
A chaque instant d'attente, je souffrirai
Mais quand tu seras là, je renaîtrai
Tous les jours de ma vie
Nana Caymmi e Marcio Faraco
Composição: Tom Jobim / Vinícius de Moraes /
Versão: Georges Moustake
27 de mar. de 2008
Amo devagar os amigos que são tristes
com cinco dedos de cada lado
Os amigos que enlouquecem
e estão sentados, fechando os olhos,
com livros atrás a arder
para toda a eternidade.
Não os chamo, e eles voltam-se profundamente
dentro do fogo.- Temos um talento doloroso
e obscuro.Construímos
um lugar de silêncio.De paixão.
Herberto Helder ( Poemacto-1961)
Deixa que eu te ame em silêncio
Não pergunte
não se explique
deixe que nossas línguas se toquem
e as bocas e a pele
falem seus líquidos desejos.
Deixa que eu te ame
sem palavras
a não ser aquelas
que na lembrança ficarão
pulsando para sempre
como se o amor e a vida
fosse um discurso
de impronunciáveis emoções
12 de mar. de 2008
O meu amor tem lábios de silêncio
E voa como o vento
E abraça-me onde a solidão termina
O meu amor tem trinta mil cavalos
A galopar no peito
E um sorriso
Que nasce quando a seu lado eu me deito
O meu amor ensinou-me a chegar
Sedento de ternura
Sarou as minhas feridas
E pôs-me a salvo
para além da loucura.
O meu amor ensinou-me a partir
Nalguma noite triste
Mas antes, ensinou-me
A não esquecer que o meu amor existe.
Jorge Palma
15 de fev. de 2008
"Um dia, quando a ternura for a única
regra da manhã, acordarei entre os teus braços.
A tua pele será talvez demasiado bela.
E a luz compreenderá a impossível compreensão do amor.
Um dia, quando a chuvasecar na memória,
quando o inverno fôr tão distante, quando o frio responder
devagar como a voz arrastada de um velho,
estarei contigo e cantarão pássaros no parapeito
da nossa janela.
Sim, cantarão pássaros, haverá flores,
mas nada disso será culpa minha,
porque eu acordarei nos teus braços
e nao direi nem uma palavra, nem
o princípio de uma palavra, para não
estragar a perfeição da felicidade"
in "a criança em ruínas" José Luís Peixoto
2 de fev. de 2008
Teorema das cores....
...que iluminam esta manhã."
Algumas pessoas passam pela vida sem ver as cores do dia, para mim, está muito claro que o dia se funde através de uma multidão de matizes e entonações, a cada momento que passa.Uma só hora pode consistir em milhares de cores diferentes, amarelos , azuis borrifados de branco, verdes impossíveis, branco alvíssimo de nuvens de tons enevoados..."
Eu faço questão de ver as cores do dia quando nasce....quando a luz suave do sol desce sobre a cidade, suavemente até tomar conta de tudo, poderoso e inalcancável....O sol....amo o sol!
26 de jan. de 2008
Era assim:
queres?
queres?
queres algo?
queres desejar?
queres desejar?
desejas querer?
desejas-me?
desejas querer-me?
desejas querer-me?
queres desejar-me?
queres querer-me?
queres que te deseje?
queres que te deseje?
desejas que te queira?
queres que te queira?
quanto me queres?
quanto me queres?
quanto me desejas?
ah quanto te quero
quando te quero
quando me queres...
Ana Hatherly
"Um calculador de improbabilidades"
20 de jan. de 2008
Ainda te falta
dizer isto: que nem tudo
o que veio
chegou por acaso. Que há
flores que de ti
dependem, que foste
tu que deixaste
algumas lâmpadas
acesas. Que há
na brancura
do papel alguns
sinais de tinta
indecifráveis. E
que esse
é apenas
um dos capítulos do livro
em que tudo
se lê e nada
está escrito.
Albano Martins
Escrito a Vermelho
17 de jan. de 2008
12 de jan. de 2008
Como um livro
9 de jan. de 2008
7 de jan. de 2008
6 de jan. de 2008
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