20 de jun. de 2008



Imagino-te
No ritmo de um dança
como se fosses um acorde
sem fim.
Imagino-te ao meu lado
sem grades, sem armadura
recostado em meu peito
olhando para mim.
Eu sei, só assim existes,
entre o sonho e a imaginação
como folha de jornal
cavalgando o vento,
até cair...

14 de jun. de 2008

Rosa de Sal


Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma.

Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascendeu da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,

senão assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.

Pablo Neruda

3 de jun. de 2008


E o meu desejo de ti
são lágrimas por dentro,
tão doídas e fundas
que se não fosse:

____ o tempo de viver;
____ e a janela ao meu lado

invadia de amor o teu reflexo
e em estilhaços de vidro
mergulhava em ti

Ana Luísa Amaral