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30 de out. de 2009
Naquele quarto de hotel
vi morrer os minutos e as horas
juntei minhas mãos as tuas
prendi-te em mim
e ficamos ali
difusos
unidos
sem palavras
meu corpo cerzido ao teu
lá fora as sirenes latentes
o vento morno do fim de tarde
e a hora dolorosa da partida
marcada a ferro na minha
saudade futura
das pequenas coisas que fizemos juntos
a amarga certeza que
é demasiado tarde meu amor
não me pedirás para não partir
e como se não houvesse amanhã
sinto minha solidão
a deriva
no sentimento extremo do adeus
que vi nos teus olhos
deixaste-me ir mais uma vez meu amor
num vôo para a infinita saudade de ti
na dor fantasma da falta do
teu corpo junto ao meu
26 de out. de 2009
Êxtase aturdido
Um soco no estômago
dor cortante como lâmina na pele nua
ferindo num corte profundo
insistente
esperei por segundos tua voz doce me acordar
e dizer: não querida foi só um pesadelo
mas tuas palavras calaram-se
tua voz tornou-se grave
quando dei por mim
já não sabia
com quem estava falando
agora não há nenhuma emoção
apenas uma folha branca
uma interrogação constante
desconcertante
uma mancha de sangue sob a blusa
e no lugar do desejo uma concha oca
vazia
no lugar de uma flor uma pétala seca
Êxtase aturdido na ferida aberta
da cumplicidade estraçalhada
nenhuma emoção meu amor
nenhuma voz voltará a
incendiar o meu corpo em fogo
com lágrimas
ternura e gozo
não deixarei que outro amor
pise na ferida aberta sob a blusa
24 de out. de 2009
Amas-me??
22 de out. de 2009
14 de out. de 2009
Abri a porta
entraste
e o mundo inteiro ficou lá fora
no corredor
acaricia meu rosto com tuas mãos
toca meu sexo com teus dedos
ondula minhas curvas
salga-me
absorve o mar de
água doce dos meus beijos
trespassa-me com teus olhos
ilumina o sol entre os meus seios
sopra nos meus cabelos
chora no meu peito
semeia tua fome
e colhe frutos no meu corpo
inteiro
entrelaça tuas mãos nas minhas
olha nos meus olhos
sente-me
sou tua
12 de out. de 2009
Orgasmo
Ouço
no silêncio
do quarto a tua voz
percorrendo
cada veia
do meu corpo
sangue quente
percorrendo
louco
rio incandescente na
noite escaldante
luz prata
brilhante
que toca meus lábios
delicadamente
propagando ondas
de prazer pela noite
tua voz
no meu corpo
dedilhando música de seda
poesia de amantes
3 de out. de 2009
A ti, sempre
No fim tu hás de ver
que as coisas
mais leves são as únicas
que o vento não conseguiu levar:
um estribilho antigo
um carinho no momento preciso
o folhear de um livro de poemas
o cheiro que tinha
um dia o próprio vento...
Mário Quintana
1 de out. de 2009
Sombras de nanquim
Não me importa o amor que tenhas
e o amor não se dá
nem tem nada para dar
As tuas mãos nas minhas
são o tempo que volta
a mover sombras de nanquim,
e nos teus lábios
é o sabor a tinta que me atrai.
Ebbro d'inchiostro é mais bonito, quando
ao calor de agosto as bocas se desatam
e as línguas mordem a brancura do linho.
António Franco Alexandre
( in Quatro caprichos)
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