6 de dez. de 2009

Oceano Nox
















Junto do mar, que erguia gravemente
A trágica voz rouca, enquanto o vento
Passava como o vôo do pensamento
Que busca e hesita, inquieto e intermitente,
Junto do mar sentei-me tristemente,
Olhando o céu pesado e nevoento,
E interroguei, cismando, esse lamento
Que saía das coisas, vagamente...
Que inquieto desejo vos tortura,
Seres elementares, força obscura?
Em volta de que idéia gravitais?
Mas na imensa extensão, onde se esconde
O Inconsciente imortal, só me responde
Um bramido, um queixume, e nada mais...


Antero de Quental, in "Sonetos"
Foto-Eliane

Um comentário:

Anônimo disse...

As marcas do nosso amor
na areia fina
a maré limpa
ou o vento
ou a chuva
Mas a leve carícia
dos meus dedos
na fímbria do teu corpo
ainda perdura
Nem o vento
nem outras mãos
Só a dissolução
da memória
só o tempo
no lento suicídio dos dias
tudo destrói

m@nuel