19 de out. de 2010
















Dizes: põe nos meus os teus dedos
e passemos os séculos sem rosto,
apaguemos de nossas casas o barulho
do tempo que ardeu sem luz.

Sim, cria comigo esse silêncio
que nos faz nus e em
nós acende o lume das árvores de fruto.

Diz-me que há ainda versos por escrever,
que sobra no mundo
um dizer ainda puro...

Vasco Gato

8 de out. de 2010

Delírio















Na tênue
linha do tempo
e espaço que
me separam de você

Na doce ilusão de sentir
seu toque
sem sua presença
meu corpo
vibrando no ar

Sentindo

Intensa ternura
desviando-me
do mundo real

Sonhando

Contorno seu corpo
num ângulo perfeito
para o delírio do meu

Borboletas envolvem
nossos gestos
com doces loucuras
que só o amor
pode criar

Vênus

5 de out. de 2010


















A uma luz perigosa como água
De sonho e assalto
Subindo ao teu corpo real
Recordo-te
E és a mesma
Ternura quase impossível
De suportar
Por isso fecho os olhos
(O amor faz-me recuperar incessantemente o poder da
provocação. É assim que te faço arder triunfalmente
onde e quando quero. Basta-me fechar os olhos)
Por isso fecho os olhos
E convido a noite para a minha cama
Convido-a a tornar-se tocante
Familiar concreta
Como um corpo decifrado de mulher
E sob a forma desejada
A noite deita-se comigo
E é a tua ausência
Nua nos meus braços


Alexandre O´Neill

1 de out. de 2010


















Talvez assim ela reencontre o corpo

da sua ténue nudez tão gratuita e tão leve

e sendo apenas um sopro que atravessa as imagens

as desnude até serem vagas luas

sobre a maré branca de um silêncio iluminado

pelo seu abandono ao corpo que deseja.



- António R. Rosa