19 de abr. de 2011






































Suave é a bela como se música e madeira,
ágata, telas, trigo, pêssegos transparentes,
tivessem erigido a fugitiva estátua.

Para a onda dirige seu contrário frescor.
O mar molha polidos pés copiados
à forma recém-trabalhada na areia
e é agora seu fogo feminino de rosa
uma borbulha só que o sol e o mar combatem.

Ai, que nada te toque senão o sal do frio!

Que nem o amor destrua a primavera intacta.

Formosa, revérbero da indelével espuma,
deixa que teus quadris imponham na água
uma medida nova de cisne ou de nenúfar
e navegue tua estátua pelo cristal eterno.

Pablo Neruda

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