
São da cor do silêncio
os teus olhos
manchados de mágoa.
Revives no pensamento,
abstracta e silenciosa.
Atrás de ti, na janela,
é infinitamente azul a demora.
Tens o rosto revolto
como uma hera
e dos teus lábios
quentes de fogueira
sopras o pó da espera.
É fria a solidão dos dias,
mas por cima do teu ombro
acende-se uma flor verde e amarela.
Por isso cansa-te
de estares sentada
e olha como o teu vestido
se parece com a paleta
dum pintor,
onde se misturam
todas as cores do teu corpo.
I Parte(Fernando Esteves)