Vem escolher o encanto para que o mar nos respire
quando a calma sufoca
Vem prender esta visão de inquietante alegria no silêncio mais alto
para que seja farol na ponta de um desejo alado
Esquece o mar absurdo
os barcos de papel eternamente longe os olhos ancorados
os passos como pedras para os braços crescerem verticais
e os sonhos inautênticos
o mar das armaduras submersas por enquanto vem
içar as gaivotas para que as possas baixar quando quiseres
se um céu apenas negro for preciso
Vem dormir sobre mim com o peso das coisas arribadas
o peso de nascerem sem mastros as noites e ser ainda cedo
e ser sempre tão cedo ao pé do mar que os olhos nem repousam
nem as espadas se cumprem erectas na fímbria de água dos desejos
Vem dormir sobre mim ainda é esta a manhã
de quando o mar unificava as escarpas
e as mãos os cumes e os destinos os anseios e as vozes
e é tempo de enfrentar a distância das coisas aqui
onde as coisas não cabem mas todos os rumos se concentram
Carlos nogueira
Um comentário:
Gostei do poema.
Bjs
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